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14 fevereiro 2018

Eles foram professores do Liceu...

Edmundo de Carvalho Curvelo
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Foi um dos mais brilhantes alunos do nosso Liceu.
Edmundo de Carvalho Curvelo… não foi apenas um jovem que fez em Outubro de 1926 a sua primeira matrícula no 1ºano do Liceu de Setúbal. Anos mais tarde, em 1938, regressou para ser aqui professor!
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Edmundo Curvelo
em 10 de Julho de 1930

No dia 10 de Julho de 1930 acabou o

Exame do Curso Geral com 18 valores

A fotografia aqui representada foi tirada num Estúdio Fotográfico que então existia em Setúbal, a Foto Cabecinha, de uma Família muito conhecida aqui existente e da qual recordo muito bem o Maestro Idalino Cabecinha que foi professor de Música na Academia de Música e Belas Artes Luísa Tódi e noutras Escolas.
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Em 1 de Março de 2007, Luis Soares de Oliveira dedicou-lhe algum espaço no seu blogue mencionando um texto que foi publicado no “Notícias de Arronches”, terra natal daquele “fabuloso professor de Filosofia”, da autoria do Prof. António Brotas que foi Catedrático do Instituto Superior Técnico e que reproduzimos em parte.
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Nesse ensaio, que intitulou "Sobre o ensino da Filosofia", António Brotas diz o seguinte de Edmundo Curvelo:

"Eu tive um fabuloso professor de Filosofia. Foi o professor Edmundo Curvelo, no Colégio Militar, em 1946, por ocasião de uma muito curiosa experiência que vale a pena recordar. Havia, na altura, no então chamado ensino liceal, um exame no 6º ano (10º ano de escolaridade). O Ministério da Educação resolveu passar este exame para o 5º ano, mas não o quiz fazer sem antes realizar uma experiência pedagógica. Ou porque lhe era dificil faze-la numa escola dependente do Ministério, ou porque, simplesmente, a não sabia fazer, combinou com o Ministério da Guerra (antecessor do actual Ministério da Defesa) que a experiência fosse feita no Colégio Militar que dele dependia. O Ministério da Guerra, que não estava propriamente vocacionado para fazer experiências pedagógicas do ensino secundário, deu liberdade total aos professores do Colégio Militar para escolherem as disciplinas com os conteúdos, programas, métodos de avaliação e exames que muito bem entendessem. É assim que eu não tenho o curso do liceu, mas sim o curso do Colégio Militar, reconhecido como equivalente pelo Ministério da Educação.

O professor Edmundo Curvelo já tinha sido meu professor de História, disciplina em que não tinha adoptado nenhum livro. Em vez disso, convenceu o Director a abrir aos alunos a biblioteca do Colégio Militar onde até à data não tinham acesso. Também não seguiu, que eu tenha notado, qualquer programa. Distribuía-nos temas que preparávamos e, depois, éramos nós que dávamos as aulas (nalguns casos em francês). A Filosofia ensinada no Liceu tinha, na altura, quatro componentes: a Psicologia, a Lógica, a Estética e a Ética/Moral. Quando o professor Curvelo viu que não tinha de preparar os seus alunos para o exame oficial do 7º ano, pôs imediatamente de lado a Estética e a Ética. Não falou do nome de nenhum antigo filósofo e interessou-se, sobretudo, pela Psicologia, em que só nos falou de duas coisas: das sensações e a da memória. Ensinou-nos a olhar para as nossas sensações e para a nossa memória e apaixonou-nos. E, como estava encarregue de organizar o Laboratório de Psicotecnologia do Colégio Militar, responsabilizou um aluno por cada aparelho de medida.Passados todos estes anos, se escrevo artigos sobre a Educação é porque tive como professor o professor Edmundo Curvelo."
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Enquanto aluno o nosso Liceu Edmundo Curvelo também deu que falar... sendo curioso o que podemos ler numa Acta da Reunião conjunta das duas Turmas do 3ºAno, realizada no dia 26 de Outubro de 1927.
Quando se comenta o aproveitamento do aluno nº16 podemos ler que "foi unanimemente reconhecido este aluno o melhor da classe e não apenas da turma A, mas de ambas as turmas. Já pela sua atenção que pode classificar-se impressionante, já pelo seu completo e inexcedível aproveitamento. O Director da Classe salientou o facto de este aluno poder não só merecer um lugar de destaque durante todo o seu curso como até ser convenientemente utilizado pelos professores como um verdadeiro auxiliar na preparação dos alunos mais atrasados.”

No ano lectivo de 1925/26, matriculado no 1ºano, teve como companheiros de turma, entre outros, o Eduardo Miguens Rosado Pinto e os "terríveis" irmãos José e Adolfo Pereira Beija; como companheiros de ano, mas da outra turma existente, fomos descobrir os nomes de Aurora da Silva Maximiano, Maria Virgínia de Sousa Fialho, José Cândido Arôcha e Alexandre Faria Blanc.
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Anos mais tarde, no ano-lectivo de 1938/39, após os estudos que fez na rua da Academia das Ciências, em Lisboa, onde se licenciou, Edmundo Curvelo regressa ao Liceu de Setúbal para se dedicar ao ensino.


Na primeira reunião de que fez parte, como professor, ocorrida em 22 de Dezembro de 1938, ocupou o cargo de Secretário da Turma A, do 6ºAno, de que era Presidente o Dr. António Pires. Do grupo de professores daquela turma, faziam ainda parte o Dr. Sequeira Ribeiro, a drª Felismina Madeira, o Dr. Pina de Almeida, o Dr. Bernardino Gracias e o Revº Padre Mário de Carvalho.

Entre os seus alunos, figuravam alguns nomes bem conhecidos, como:
José Luís Gonzaga Boaventura Claro, José Manuel Noronha Gamito, Maria Lurdes Marques Ramos Reynaud, Maria Manuela S.A. Vieira de Abreu, Sérgio Boaventura Gonçalves Mendes, Vanda Fonseca Silva Galhoz, António Felisberto Pica, Mário Pedro Simonete e Miguel Rendas dos Reis Mendes.

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