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26 fevereiro 2016

Estamos todos baralhados?!...

é o que nos diz
Vasco Pulido Valente
na sua coluna de Opinião,
no Público, hoje, 26 de Fevereiro,
numa Crónica a que deu o título de

Mais baralhadas

Vasco Pulido Valente
O problema do Orçamento não vem do que lá foi escrito e 
votado pela Assembleia da República, vem de quem o propôs.

O alarido que a oposição está a fazer para que o PS revele o Plano B do Orçamento é inteiramente absurdo. Toda a gente tem sempre um Plano B para tudo o que faz. Se desconfia do tempo, leva um guarda-chuva. Se pensa que vai ter calor, deixa a camisola no carro. Se desconfia que não vai acordar a tempo, põe um despertador. Só o dr. Cavaco que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas não se preocupava, para o mal dele e para o nosso, com o plano B. Claro que há um plano B para o Orçamento do PS, sugerido ou não sugerido por Bruxelas. Se não houvesse, António Costa seria absolutamente louco e não devia estar em S. Bento, devia estar num manicómio. A importância que a direita deu ao casomostra a desorganização e vácuo intelectual da dita direita.
Tanto mais que essa mania frívola e, se me permitem, estúpida, impediu que ela visse o que estava à vista: que o Orçamento do PS não é de fiar. A extrema-esquerda começou, mas não acabou, a sua lista de exigências. O PC e Bloco informaram a Assembleia disso com a maior clareza. E, cá fora, a CGTP também. Só Deus sabe a que disparates o zelo do radicalismo nos vai conduzir. Já se fala em nacionalizar o Novo Banco (com a bênção do reverendíssimo Vítor Bento); já se fala em estender a ADSE à família dos funcionários públicos (mulheres, maridos, filhos vivendo em casa com menos de 30 anos); já se anunciou até a nomeação de 90 inspectores para liquidar de uma vez com o trabalho precário. Esta corrida não acaba antes de Portugal inteiro ficar devidamente subsidiado e falido.

A direita mal abriu a boca sobre o problema essencial do Orçamento. O problema do Orçamento não vem do que lá foi escrito e votado pela Assembleia da República, vem de quem o propôs. Parece que o primeiro-ministro, com o peso da sua rotundidade crescente, pede confiança: o que em princípio não seria completamente despropositado. O pior é que a pede também para o PC e o Bloco que não a merecem e nunca a ganharão. O cidadão vulgar quer poupar para a trapalhada que se anuncia ou arranjar maneira de proteger o seu dinheiro, se por acaso ainda lhe sobrou algum. Ninguém pensa investir um tostão em nada sob o alto patrocínio e o notabilíssimo equilíbrio da sra. Catarina Martins e do camarada Jerónimo de Sousa. E aqui, como lá fora, as pessoas tremem. Com razão.

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