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24 setembro 2015

A vida mais ou menos...

Esta manhã, lendo o suplemento do "Público" no Café da Brasileira, enquanto aguardava a chegada de companhia, saltou-me aos olhos uma frase de um conto do António Lobo Antunes que ele intitulou "A vida, mais ou menos". 
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António Lobo Antunes
(numa caricatura de Rui Zilhão)

 Era uma conversa dele, Lobo Antunes, com a recordação de uma Amiga querida recentemente falecida, ainda "jovem". Contava-lhe que, após a sua morte, o Pai lhe tinha mostrado, sem uma palavra, uma dedicatória sua num livro, em que ela lhe dizia que gostava muito dele.

É então que surge essa frase espantosa que define num breve momento a grandeza de um escritor que teima, normalmente, em mostrar-se um enorme cabotino...

"Espantei-me por transgredires uma das nossas regras, que é a de gostar sem nos referirmos a isso, por pudor, por discrição, porque não é preciso."

E termina o conto desta maneira, falando sempre para a Amiga cuja memória recordava: " Mesmo que não mostre, e faço os possíveis por não mostrar, tenho saudades de te ouvir. Que gaita de coisa ter tantas saudades de te ouvir."
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in "Público"
em 09.Mar.1997

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