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11 agosto 2015

Ontem fiquei encantado...

...com a "reportagem ", de seis páginas, que o jornal  "i" apresenta sobre 
"Um Século do Projecto João de Deus".
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"A Cartilha Maternal pode ser de um tempo em que não existiam frigoríficos, televisões ou iphones. Mas vai ser sempre actual no que toca a afectos. Diz quem sabe."
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A Cartilha Maternal foi escrita por João de Deus, bisavô de João Ponces de Carvalho (1), a convite de um francês, Gaubert Roland. Demorou dez anos a ser feita, de tal maneira que quando ficou pronta já a casa Roland tinha fechado e acabaria por ser o abade de Arcozelo a publicar a primeira edição, em 1876.
Apesar de todos os avanços tecnológicos, não há manuais que proponham o mesmo método de ensino: "A primeira condição é o estudo da fala." Não apresenta os seis ou oito abecedários do costume, mas apenas um, e não todo, por partes.
É falando e ouvindo, tornando a leitura animada de palavras inteligíveis, que as crianças aprendem a ler. E ainda hoje os grandes vultos mundiais da pedagogia continuam a defender este como um dos melhores métodos de aprendizagem.
(O texto é de Isabel Tavares, ouvindo João Ponces de Carvalho).
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NB - 
(1) O nome de João Ponces de Carvalho, Presidente da direcção da Associação de Jardins-Escola João de Deus, recorda-me o nome de um colega e saudoso Amigo que foi o Miguel Ponces de Carvalho, que  era cónego da Sé de Lisboa quando faleceu em 30 de Março de 2014.
Ambos fizemos parte do grupo que lançou os Programas de Biologia dos primeiros Cursos do 12ºAno, em 1980/81.
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Ainda da autoria de Isabel Tavares, surge-nos um "apontamento" que nos leva ao tempo e ao mundo da juventude de que cada um de nós se lembra sempre com saudade e algum pormenor.
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"É o tempo dos super-heróis, do mundo encantado, dos bons contra os maus, em que o bem vence sempre. esta é a beleza da infância. Mas não se fica pequeno toda a vida e o i quis saber como é que os Jardins-Escola João de Deus marcaram outros ex-alunos. De gerações diferentes, as respostas não divergem muito: disciplina e rigor, aliados a muita ternura e brincadeira. O resto é como dizia a letra da música de Doris Day:
When I was just a little girl
I asked my mother whay will I be,
will I be pretty
will I be rich,
here's what she said to me:
que sera, sera, whatever will be, will be,
the future's not ours to see
que sera, sera
what will be, will be"

Nas páginas seguintes, Isabel Tavares pediu a alguns bem conhecidos antigos alunos do jardim Escola, como Eduardo Marçal Grilo (ex-Ministro), Nilza de Sena (deputada e Professora universitária), Manuel Luis Goucha (Apresentador de Tv), Rui Veloso (cantor) e Pedro Feytor Pinto (Ex-Director de Serviços de Informação), que respondessem a 3 perguntas que ela escolheu. E que transcrevo.
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01. Quando era pequeno, o que sonhava ser quando crescesse?
02. Como foi estudar pela Cartilha Maternal?
03.Que recordações guarda do Jardim-Escola João de Deus que frequentou?
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Por razões óbvias escolhi as respostas de dois dos interrogados: do Pedro Feytor Pinto de quem fui contemporâneo no Jardim-Escola de Castelo Branco, embora fosse dois anos mais novo do que eu e do Eduardo Marçal Grilo que ainda nem tinha nascido quando eu terminei a minha passagem pelo Jardim-Escola.
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O Pedro Feytor Pinto está sentado na segunda fila, mesmo no centro
entra a Fátima Cardoso e a Lurdinhas Lopes Ferreira.
"finalista" eu sou o primeiro "homem" lá em cima à esquerda.
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No dia em que foi prestada uma homenagem à D.Maria Amália Fevereiro, nossa primeira professora e directora daquele Jardim-Escola (na última fila, ao centro), pelo seu 100º Aniversário, encontrei de novo o Pedro Feytor Pinto... já um pouco mais velho... Assim:
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Pedro Feytor Pinto em 8 de Agosto de 2008
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Nas resposta às perguntas da jornalista Isabel Tavares, Pedro Feytor Pinto respondeu:
01. Talvez ser professor, influenciado pelos pais..
02. Era um método exemplar. Ainda me recordo do primeiro texto: "Ó Pedro, que é do livro da capa verde..."
03. A directora esperava-nos à entrada da escola, vestíamos os bibes, tirávamos os sapatos e calçávamos as alpergatas, éramos todos iguais, merecedores do mesmo respeito. Havia sessões de teatro, poesia e canto que nos ajudavam a vencer os medos, as dificuldades.
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E encontrei também o Eduardo Marçal Grilo, também ele um pouco mais velho... tal como aqui o deixo, sem me esquecer que no momento em que foi tirada a foto do grupo de alunos que deixo em cima, ele nem sequer ainda tinha nascido:
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Eduardo Marçal Grilo. em 8 de Agosto de 2008
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Aqui ficam as resposta que este antigo aluno do Jardim-Escola João de Deus, de Castelo Branco, deixou à jornalista Isabel Tavares:
01. Comandante de navio mercante. Mais tarde, engenheiro, a máquina automóvel entusiasmava-me.
02. Não estão lá as palavras frigorífico ou autocarro e muito menos mobile ou iphone, mas continua a ser uma forma inteligente de ensinar a ler e a escrever.
03. Havia uma sala comum que tinha junto ao tecto bonecos que tocavam tambor e cornetas. Quando fui visitá-la como ministro, tinham desaparecido, uma desilusão.
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Deixo aqui mais um marco na Memória Antiga que temos da nossa cidade e da nossa juventude... E das coisas boas que então havia por ali...

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