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16 maio 2014

O farmacêutico mordeu...

... uma matilha! Mas, ninguém quis saber!

Concluiu-se que em 70 farmácias
em que foi solicitado um antibiótico
sem receita médica, só uma o dispensou.
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Um artigo de Opinião, assinado por
Ema Paulino
no Jornal i, em 15.05.2014
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DrªEma Paulino
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Diz-se que quando o homem morde o cão é que se faz notícia. E, de facto, pode-se dizer que foi isso mesmo que se passou esta semana, na sequência da apresentação dos resultados de uma avaliação quanto à prescrição e dispensa de antibióticos, conduzida pela DECO - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor.
A Associação promoveu a visita de indivíduos saudáveis, previamente observados, a 120 estabelecimentos de saúde (clínicas médicas e farmácias) escolhidos ao acaso, na zona da Grande Lisboa e Grande Porto, queixando-se de dor de garganta não acompanhada de outros sintomas. Nas 50 consultas médicas efectuadas, os médicos observaram a garganta, e inquiriram sobre a sintomatologia. Em 20 destas consultas, receitaram um antibiótico. Esta actuação mereceu títulos em vários meios de comunicação social, e comentários por parte do Ministro da Saúde e do Bastonário da Ordem dos Médicos, que asseveraram um inquérito interno a estes resultados.
O que não fez parangonas, e, em alguns casos, nem sequer granjeou qualquer menção, foi a segunda parte do estudo, em que se concluiu que em 70 farmácias em que foi solicitado um antibiótico sem receita médica, só uma o dispensou. Em todas as outras farmácias, a sua dispensa foi negada, tendo sido recomendada a utilização de analgésicos e anti-inflamatórios, medicamentos apropriados para a situação identificada.
Apesar destas avaliações não terem qualquer validade estatística, e, não poderem assim as suas conclusões ser generalizadas, a actuação das farmácias merecia ter sido destacada. Afinal, as farmácias são frequentemente apontadas como entidades privadas que visam expressamente o lucro, e como tal são raramente incluídas nas estratégias de saúde pública promovidas pelo SNS.
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Pode não ser... mas que tudo parece indicar que se fazem "panelinhas" muito "bem cozinhadas" entre o SNS e a OM... lá isso parece!!!... E a imprensa corre sempre atrás do que parece mai$ fort€...

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