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16 junho 2013

O fim das vacas gordas...

Na sua Coluna, na última página do Público,
Vasco Pulido Valente deixou ontem a sua Opinião.

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Vasco Pulido Valente

O extraordinário número de independentes(?) que se candidata à presidência das câmaras talvez seja o primeiro sinal da desagregação dos partidos tradicionais, sobretudo do PS e do PSD, que tomaram conta do Estado e nos governaram durante 30 anos.
(…)
Contra o senso comum, há mais socialistas (19) que decidiram abandonar o rótulo do partido do que “sociais-democratas” (12). Mas vendo mais de perto a coisa não é assim tão estranha.
Mal ou bem, Pedro Passos Coelho lá se vai aguentando e as ruínas que deixar ainda podem no futuro servir para alguma coisa. Infelizmente, nem agora  , nem no futuro, Seguro, com o seu realejo e a sua vacuidade, não promete nada a ninguém. E pior: parte do eleitorado do PSD parece mais fluido e, por isso, mais susceptível de acreditar numa solução milagrosa.
De resto, os próprios candidatos que o PSD apresenta oficialmente evitam exibir nos cartazes o emblema da casa. Julgam que por este subtil processo evitam a sua associação aos desastres que o governo dia a dia faz cair sobre os portugueses. Julgam com certeza que os portugueses são mentecaptos. O PS, pelo contrário, insiste em se apresentar com a militância do costume e, muito ajudado pelos “tempos de antena” de Sócrates, põe instantaneamente em coma o cidadão vulgar. Entregar ao Dr. Seguro a salvação da Pátria é a última ideia que passa pela cabeça de uma pessoa sensata ou mesmo de um louco reconhecido e público com um ou outro intervalo de lucidez. Os “socialistas” com um pequeno resto de massa encefálica preferem que Passos lhes tire as castanhas do lume, para depois proclamarem o seu sacratíssimo direito à “alternância”.

Mas sucede que a ebulição em que andam as máquinas dos partidos se deve manifestamente à redução drástica da sopa do convento. Acabou a época em que se fundavam “empresas municipais” para aconchegar os bolsos da ladroagem local; da “reclassificação” de terrenos; dos vereadores sem espécie de função; dos centros de cultura; dos cursos universitários sem universidade e sem alunos, da ornamentação urbana e das rotundas; das grandes festas para a populaça; dos jornais subsidiados para criarem o culto do “presidente”; do ócio quase permanente e de várias alegrias, que faziam o misterioso encanto da autarquia. A indisciplina partidária, que a troika trouxe na sua bagagem, transformou o antigo paraíso numa guerra corpo a corpo pelo que sobrou do tempo das vacas gordas.

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