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03 março 2013

O descontentamento português...

... é o título do Editorial do “Público”,
hoje, Domingo, 3 de Março 2013
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O descontentamento português.
Não é preciso matemática para medir a insatisfação de Portugal.
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Apenas alguns excertos deste Editorial…
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A mensagem foi claríssima: há um enorme descontentamento em Portugal.
Mais uma vez os portugueses pediram em massa para serem ouvidos, apelaram à democracia participativa e directa, expressaram a sua desconfiança em relação aos políticos, aos partidos e ao sistema financeiro.
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Numa bizarra vontade de provar matematicamente a força da sua mensagem, os organizadores das “marés” de protesto disseram que, só em Lisboa, estiveram 800 mil pessoas. No país, um milhão e meio.
Contas simples mostram no entanto o absurdo destes números. Se o Terreiro do Paço, o Rossio, os Restauradores e a faixa central da Avenida da Liberdade tivessem estado – em simultâneo --  cheios como um ovo, estaríamos a falar de 350 mil pessoas. Não mais. Não foi isso que vimos nas imagens aéreas que as televisões mostraram.
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Este exercício não só prejudica a organização, retirando-lhe credibilidade, como dá ao Governo um pretexto para desvalorizar o que aconteceu ontem em todo o país
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Esta corrida pelos números é aliás particularmente inútil. Hoje há uma outra forma bem mais simples de medir a temperatura da crise: cada um de nós observar o que mudou num raio de 50 metros à volta da sua própria casa. O café da frente que fechou; a padaria da esquina que fechou; a pequena empresa familiar que faliu; o vizinho de cima que entregou a casa ao banco; o vizinho do lado que foi despedido; o rapaz que tem trabalho, mas nos antípodas da sua formação académica; o outro que emigrou. Quando deixamos a métrica geográfica e pensamos no círculo de familiares, amigos e conhecidos, já poucos serão os portugueses – se algum – que não conhecem alguém próximo que não tem trabalho. A crise que começou por ser o problema de alguns, é hoje a realidade de todos
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