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24 março 2013

Museu do Prado...

O Triunfo da Morte
Pieter Brueghel, o Velho
1525 – 1569
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O Triunfo da Morte
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Este Triunfo da Morte, no qual domina em absoluto o elemento trágico, constitui uma singular excepção na produção do mestre flamengo, que é toda ela penetrada de um típico humorismo.
Paradoxalmente, à excepção do cadáver envolto no sudário branco dentro do caixão, tudo parece em movimento, e os próprios esqueletos parecem animados, enquanto terror e angústia se alternam com incrível realismo, propondo a quem contempla a obra, mais do que a visão de conjunto, a observação atenta dos pormenores, cena por cena: à esquerda, um carro cheio de cadáveres, arrastado por um famélico rocinante, repetição do carro que outrora percorria as ruas das cidades flageladas pela peste; em baixo, um rei moribundo que abandona à Morte o seu tesouro, um velho cardeal acompanhado à sua sepultura, os cadáveres de uma mãe e de um peregrino e, na extremidade direita, dois amantes que cantam com tristeza, sentindo já o sopro da Morte, que os espera, por detrás. Todo o quadro, de resto, é triunfo da violência e, portanto, da Morte: assim, à direita, a Humanidade, perseguida pelo cavalo apocalíptico, comprime-se desordenadamente diante do enorme caixão sobre o qual está a Morte, que bate duas espécies de tímpanos e, no fundo, legiões de afogados, decapitados, queimados, estrangulados. A contemplar uma das visões mais terríveis e simultaneamente mais admiráveis que um grande génio traduziu na pintura.
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Cfr.Marco Valsecchi
In. “Grandes Museus do Mundo
Ed.Verbo – Novembro/1973

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