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27 março 2013

Mesas de café...

...um poema de António Salvado
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António Salvado


Mesas de café

                        À memória do José Carlos González e do José Sebag
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Foram tantas que a memória
latejando ao recordá-las
mal consegue desenhar
as cores às suas formas.
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Eram feitas de amizade,
de solidão quantas vezes,
afáveis por natureza
à espera de quem chegasse.
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E sabiam ler os livros
que sobr´elas se sonhavam
que um dia seriam escritos
com ilusões… sem palavras.
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Pois da sua clientela
aqueles que mais amavam
eram apales poetas
norteados por miragens.
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E restarão pelos tampos
marcas de encontros marcados
quando um amor rutilava
e um outro apagava a chama.
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Foram tantas: a lembrança
delas penetra no peito
como gume que, matando
embora, causa deleite.
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in. "Essa Estória"
Portugália Editora / Junho - 2008

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