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13 fevereiro 2013

Um poema de...

...Alexandre O'Neill

Alexandre o'Neill


A Morte, esse Lugar-Comum
É trivial a morte e há muito se sabe
fazer – e muito a tempo! – o trivial.
Se não fui eu quem veio no jornal,
Foi uma tosse a menos na cidade…

A caminho do verme, uma beldade
– não dirias assim, Gomes Leal? –
vai ser coberta pela mesma cal
que tapa a mais intensa fealdade.

Um crocitar de corvo fica bem
neste anúncio de morte para alguém
que não vê n’alheia sorte a própria sorte…

Mas por que não dizer, com maior nojo,
que um menino saiu do imenso bojo
de sua mãe, para esperar a morte?...
.
Alexandre O’Neill
In “Abandono vigiado

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