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12 dezembro 2012

Só diz "bacoradas"...

... o sr. Bastonário da Ordem dos Médicos!
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... tem um ódio de morte aos farmacêuticos!!...
Será um "hobby"?... Ou haverá outras "causas"?!...

Na sequência de várias declarações públicas do bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, sobre a actual conjuntura que o sector farmacêutico atravessa, o farmacêutico José Manuel da Silva Furtado, director técnico da Farmácia Moderna, em Monchique, dirigiu uma carta aberta ao dirigente da OM


BERTA AO BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS

Ex.mo Senhor Bastonário,

Disse um banqueiro, há dias, “Ai aguenta, aguenta”…
Eu não aguentei, já não aguentei mais. Por isso estou a escrever a V. Ex.ª. Já não consegui aguentar mais as suas “bocas”, que interferem comigo, com a minha profissão, com a minha ética e com a minha dignidade.

Sou farmacêutico de província, de uma vila rural que de rural já pouco tem, chamo-me José Manuel da Silva Furtado e tenho a carteira profissional nº 5062. Embora tenhamos nomes muito parecidos, parece que temos formas muito diferentes de ver as nossas profissões. Eu, por mim, sempre considerei e respeitei a classe médica e reconheço a sua imprescindibilidade para a saúde e bem-estar das populações…  E penso que sou considerado pelos médicos da minha zona.

A referida e recente frase do banqueiro sobre a capacidade de resistência do país repete o pensamento que V. Ex.ª há tempos expressou publicamente sobre a capacidade económica das farmácias, ao dizer, em franca ingerência, que a este sector podiam ser ainda mais reduzidas as margens de comercialização. A prova dos conhecimentos de V. Ex.ª sobre a matéria está à vista: as receitas já não cobrem as despesas fixas, levando ao previsível encerramento de cerca de 600 farmácias, a curto prazo.

Também V. Ex.ª, quando se opôs fervorosamente à prescrição por DCI, ao apresentar como defesa o impedimento da substituição de um medicamento de marca por um genérico de forma a evitar confusão nos doentes com a troca da cor das embalagens, esqueceu-se que era precisamente ao balcão das farmácias que muitas vezes era desfeita essa confusão, originada pelo médico prescritor ao alterar o laboratório da molécula que o doente costumava tomar (até genérico por genérico).

Agora, em declarações à TSF, vem V. Ex.ª advogar a criação de farmácias do Estado nos centros de saúde para disponibilizarem medicamentos “se calhar até mais baratos” do que nas farmácias (onde um comprimido para o colesterol custa muito menos que uma pastilha elástica). Pergunto eu, com que qualidade e disponibilidade? Com que acessibilidade? Pensa que os cidadãos sairiam beneficiados? E com que custos para o Estado? Ou pensa V. Ex.ª dispensar o pessoal farmacêutico da função para que está legal e devidamente habilitado?

Será que essa farmácia estatal que preconiza ficaria a funcionar e disponível 24 horas por dia, como acontece com as privadas existentes, para além do encerramento dos centros de saúde?

Se calhar V. Ex.ª não faz a mínima ideia do que é uma farmácia, do serviço público que presta às populações a vários níveis, da qualidade profissional que lhe é reconhecida e do prestígio que a farmácia portuguesa tem granjeado internacionalmente.

Insurge-se V. Ex.ª contra a hipótese de vir a ser criado um fee (uma taxa) por receita como forma de dar sustentabilidade às farmácias, para lhes evitar o encerramento que seria muito penalizador para as populações e para lhes permitir a independência necessária à sua actividade. Não me lembro de alguém ter defendido expressamente que sejam os utentes a pagar essa taxa, que é praticada em muitos países europeus, e acredito que poderá haver outras formas de o fazer. Fica muito bem a V. Ex.ª alertar para o facto de “estarem já os doentes no limite da capacidade de pagar os custos da sua saúde”, mas esqueci-me se, alguma vez, se opôs ao agravamento das taxas moderadoras ou se promoveu a criação de uma tabela de honorários médicos (preçário de consultas) na defesa dos interesses dos doentes. (Atente-se na procura dos consultórios médicos privados por falta de resposta dos serviços públicos.)

Permita-me V. Ex.ª uma última pergunta, que não quero que seja interpretada como ofensiva: se é legítimo um médico cobrar por uma consulta em que acaba por requisitar um conjunto de análises ou exames complementares de diagnóstico e volta a cobrar em consulta seguinte em que é feita interpretação dessas mesmas análises, no que o poderá ofender os farmacêuticos, que até hoje prestam informações técnico-profissionais gratuitamente, passarem a receber uma taxa por acto farmacêutico?

Esta animosidade que V. Ex.ª parece nutrir contra as farmácias, e por ventura pelos farmacêuticos, se não por preconceito, pode eventualmente ter origem em desconhecimento da realidade das farmácias. Se assim for, e se V. Ex.ª aceitar, disponibilizo-me para o acompanhar no dia-a-dia de uma farmácia de província e mostrar-lhe as respectivas contas. Pode V. Ex.ª contactar-me por correio electrónico para farmaciamoderna.mcq@gmail.com .

Receba os meus respeitosos cumprimentos.
José Manuel da Silva Furtado

Nota: Optei pela forma de carta aberta para que ela tenha divulgação pública, tal como as afirmações que a provocaram (e me incomodaram).
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Meu caro Dr.José Manuel Furtado
Merece um abraço e as maiores felicitações pelo que acaba de escrever sobre as "sentenças desmioladas" do outro José Manuel, da OM...
Não creio que o bastonário da OM perceba (ou queira perceber...) alguma coisa daquilo que acaba de escrever... O "mal" que o atinge é doentio pois não é a primeira nem a segunda vez que tenta ferir com os seus disparates, toda uma classe na qual toda a população confia... Se ele olhasse mais para os problemas criados pelos membros da classe a que ele próprio pertence... talvez começasse a ser mais comedido nos seus desmandos.

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