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28 novembro 2012

Mais barato do que "pastilhas elásticas"...

... só nas Farmácias!!!
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Protesto

Farmácia contesta preços de medicamentos mais baixos que pastilhas elásticas


Uma farmácia de Guimarães encontrou uma forma original de contestar a baixa de preços dos medicamentos, enviando cartas às autoridades portuguesas e europeias onde demonstra que há comprimidos mais baratos do que pastilhas elásticas



"A embalagem de pastilhas elásticas que tem na sua mão custou 68 cêntimos, o que se produz num preço de venda ao público de 6,8 cêntimos por pastilha. A embalagem do popular medicamento para o colesterol que também recebeu custa 2,54 euros, o que se traduz num preço de 4,2 cêntimos por comprimido", assim começa a carta redigida por Fernando Monteiro, dono da Farmácia Barbosa.

Descontente com a descida dos medicamentos, e consequente quebra nas margens e falta de sustentabilidade das farmácias, o farmacêutico quis demonstrar às autoridades nacionais e internacionais como "o medicamento para o colesterol custa menos 38% que uma pastilha elástica".
Na carta, à qual juntou uma embalagem de 60 comprimidos de 'Sinvastatina Alter 20 mg' e uma de 10 pastilhas elásticas 'Trident' de morango, Fernando Monteiro lembra que "ao contrário das pastilhas elásticas, os medicamentos exigem longos anos de desenvolvimento, ensaios clínicos, ensaios de efeitos secundários" para além de "recursos humanos com formação superior" e ainda "farmácias de serviço permanente".
A ideia de comparar comprimidos com pastilhas elásticas resultou de uma "simples ida ao supermercado", relatou à Lusa o também sócio gerente da farmácia que actualmente trabalha com "margens negativas" e considera não ser viável suportar os custos daquele estabelecimento com os actuais preços dos medicamentos.
Trabalhando "com uma margem sobre os preços", as farmácias não estão a conseguir fazer face a uma "descida tão grande de preços" -- o 'Sinvastatina Alter' custava 28 euros há dois anos -- e "vão fechar", adiantou mesmo o farmacêutico que até já pondera mudar de ofício.
Também os grossistas "estão com dificuldades em pagar à indústria", razão pela qual os medicamentos começam a escassear, havendo mesmo alguns que "são muito baratos e não compensa fabricar", frisou.
Na missiva, o farmacêutico chama também a atenção para um problema suplementar, o da ruptura de stocks. Anexa, para tal, cópias recentes de duas facturas de grandes empresas grossistas de medicamentos. “Dos 95 medicamentos que pedi, só me foram fornecidos 20% [os restantes aparecem nas facturas como “esgotados” ou “em falta”]. Fantástico! Se fosse V. Exa. ou alguém que lhe seja próximo que necessitasse de um destes medicamentos em ruptura de stock, como é que se sentiria ao não encontrar o medicamento na sua farmácia?.
Para o também director técnico, as farmácias deviam "ser remuneradas por ato farmacêutico", à semelhança do que acontece "na Suíça e na Finlândia", a fim de não ficarem dependentes do preço dos medicamentos.
A rematar a carta, datada de 23 de Novembro e que hoje chegou à redacção da Lusa, Fernando Monteiro deixa duas perguntas em forma de "desafio" a serem respondidas pelos destinatários por e-mail ou fax: "A política do medicamento em Portugal está distorcida e insustentável?..." e "A política do medicamento em Portugal está no caminho certo?...".
Até ao momento, o farmacêutico não recebeu qualquer resposta. 
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Cfr. Lusa, Visão e Público
28 11 2012


1 comentário:

João Matos disse...

Com a agravante de que no caso da pastilha elástica, o comerciante recebe o valor da totalidade da pastilha de imediato, enquanto no caso do medicamento a maioria das vezes o cliente só paga uma parte, quando paga,ficando a farmácia dependente de receber o remanescente à posteriori.