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05 setembro 2011

Esperança na Educação...

...é o título do artigo de João Carlos Espada,
no seu "Espaço Público" de hoje, dia 05 09 2011

Prof. João Carlos Espada

Transcrevo apenas alguns excertos deste artigo, cheio de actualidade que tem por sub-título:

"É muito estimulante ouvir um ministro definir como marcas uma maior autonomia das escolas e uma maior exigência."
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(…) para que a esperança se não esfume, é importante que o impulso reformador de Nuno Crato enfrente no sector da educação um dos problemas-chave do país: a falta de concorrência efectiva.
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É muito estimulante ouvir dizer a um ministro da Educação que as marcas que gostaria de deixar no seu mandato são sobretudo as de maior autonomia das escolas e de maior exigência.
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É gratificante ouvir explicar que a falta de exigência no ensino penaliza sobretudo os alunos de famílias mais desfavorecidas: pensou-se "que a exigência vai prejudicar os pobres, quando no fundo é exactamente o contrário - vai dar mais oportunidades aos pobres".
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É ainda muito gratificante ler a crítica do ministro da Educação aos sistemas centralizados e a defesa das soluções locais, tão próximas quanto possível dos problemas que é necessários resolver.
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É gratificante saber que o ministro considera normal que, por exemplo, as aulas possam ter duração variável em escolas diferentes. E que o papel do Ministério da Educação não é dirigir em detalhe a vida e os programas das escolas, mas sobretudo o de "estabelecer apenas uns limites amplos dentro dos quais as escolas se organizem."
(…)
(no início da década de 1990, os suecos...) Basicamente, consideraram que a escola pública não abrange apenas a escola do Estado. Abrange todas as escolas, estatais, privadas ou cooperativas, que respeitem um conjunto de regras gerais (os tais "limites amplos dentro dos quais as escolas se organizem", para citar Nuno Crato). Os alunos podem então escolher livremente a escola - estatal, privada ou cooperativa, que subscreva essas regras gerais. E o Estado paga as propinas desse aluno, até um limite que é igual para todas. As escolas que aceitam este sistema de financiamento não podem cobrar mais do que esse limite.Os resultados desta reforma têm sido espectaculares. A qualidade do ensino, medida pelos resultados alcançados em exames nacionais, melhorou exponencialmente. Por isso, os ingleses foram estudar o "milagre sueco". A chave do milagre sueco chama-se concorrência. As escolas do Estado deixaram de receber alunos e financiamento pré-definidos pela área de residência (ou pela ausência de recursos dos alunos para pagarem escolas privadas). Passaram a ter de concorrer com todas as outras escolas para atrair alunos... e financiamento. Simultaneamente, surgiram novas escolas privadas e cooperativas, religiosas e não religiosas, muitas promovidas por grupos de professores, que aumentaram ainda mais a concorrência. Isto deu um significado à expressão "autonomia das escolas". Essa autonomia foi colocada ao serviço dos consumidores, isto é dos alunos e das famílias, e não do capricho de conselhos locais de autogestão (como é o caso inglês). Cada escola ficou assim, não apenas "autónoma", mas "autónoma" para procurar as melhores soluções susceptíveis de produzir os melhores resultados e, dessa forma, atrair mais alunos... e mais financiamento.Talvez também nós pudéssemos ganhar alguma coisa estudando o "milagre sueco".

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