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17 agosto 2011

Homenagem...

Foi na manhã do dia 18 de Junho último que os Romeiros da Saudade dedicaram um pouco do seu tempo, estando presentes numa Homenagem que foi feita à Memória do patrono do nosso Museu mais antigo – o albicastrense Francisco Tavares Proença Júnior.


Foi no palacete da rua de São Sebastião, propriedade de seu pai, Francisco Tavares Proença, que o fundador do Museu foi homenageado pelos Romeiros de Saudade.
O descerramento de uma lápide, foi precedido de umas palavras sentidas proferidas pelo Dr. António Salvado, um dos últimos sucessores do homenageado, na Direcção do Museu e ocorreu naquela manhã, na presença da muita gente que ali se reuniu…



...para que a Memória não morra.


Das palavras do Dr.António Salvado transcrevemos apenas o excerto final

António Salvado


"Além que estejas ouve
o calor da nossa admiração, esta súbita calma, ao recordarmos a tua companhia fugitiva e transitória de jovem D. Quixote sonhador, da tua voz consciente e sabedora a revolver a terra para que o passado viesse até ao teu anseio e para que esse passado revivesse nas tuas mãos audazes. Não foram vãs as sendas dessa itinerância de miragens que soubeste ultrapassar. E ao sonho nunca disseste adeus e foi nele que fizeste arder o facho consolador do futuro.
Sinto, com estremecimento profundo, que estás ali, naquela casa enorme refeita de vazio, como uma presença diáfana a vigiar sangue do qual nasceste. Ali, naquela casa, e agora que partiste. E dela surge a transpiração da tua gentileza, dela brota toda a frescura inapagável do talento de um criador precoce, nela vemos o registo das tuas certezas irrefutáveis.
“Morrem cedo”, disse um poeta grego antigo, “aqueles a quem os deuses mais amam.” E nesta particular circunstância, como os deuses te amaram! Sim: sabemos que por vezes nos acontece a morte, sombra nocturna vinda sorrateira, mas unindo no entanto aqueles que se foram àqueles que ficaram. Além que estejas, une-te a nós, peregrinos da saudade. Por um momento sai do teu porvir imaculado, da tua perene glória e une-te a nós, a nós.
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António Salvado


Palavras belas que ninguém guarda... mas bem mereciam ficar escritas junto da lápide que inaugurámos naquela manhã de Junho.

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