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26 maio 2011

Padre Albano...

Lembro-me bastante bem do Padre Albano, não só pelo cargo que por aquela altura (1942/43) desempenhava, ligado à Acção Católica uma vez que foi seu assistente diocesano, mas principalmente por ter conhecimento de que o padre Albano Vaz Pinto era irmão da D. Luisa Vaz, minha professora no Jardim Escola João de Deus. em Castelo Branco.

Padre Albano da Costa Vaz Pinto


Por essa altura, nós morávamos na rua das Constituintes (hoje, rua dos Peleteiros) mesmo em frente do "velho e degradado palacete" onde tinha a sua sede toda a Acção Católica. Ara ali que brincávamos e passavamos os nossos tempos desempenhando já "tarefas úteis", enquadrados por "rapazes mais velhos que já trabalhavam" e todos nós "enquadrados por um superior hierárquico", regra geral uma figura ligada à Igreja.
Mais frequentado pelos rapazes da JOC, aquele edifício albergava também os "Escuteiros de Castelo Branco" e tanto uns como outros dedicavam uma boa parte do seu tempo livre às actividades daquelas instituições. Lembro-me muito bem do Adrião, do Alberto Morcela, do Riscado, do João Nogueira e de outros mais... que marcaram bem aquela época na nossa cidade e serão recordados pelo enorme civismo com que desempenharam as diversas funções que foram chamados a desempenhar, durante as suas vidas. Se bem me recordo, o Padre Albano esteve ligado a estas instituições nos seus primeiros anos de sacerdote. Por aquela altura não teria ainda 30 anos.
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O Cónego Albano da Costa Vaz Pinto foi um estudioso nato. Obteve quatro licenciaturas e fez um doutoramento.
Foi Fundador e proprietário do Jornal Reconquista - 13 de Maio de 1945

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Albano da Costa Vaz Pinto nasceu a 21 de Novembro de 1913, em Póvoa de Rio de Moinhos tendo vindo a cursar Ciências Económicas e Sociais na École Pratique des Hautes–Études, na Sorbona, Paris. Terminou os seus estudos em 1935 e foi professor em Alcains e em Castelo Branco.

Foi pároco de S. João de Abrantes, professor do Seminário e do ensino técnico e liceal, em Castelo Branco, assistente diocesano da Acção Católica e assistente provincial da Mocidade Portuguesa.

Como Sacerdote, ao longo de 40 anos, foi um homem dedicado e com capacidade empreendedora, tenaz e empenhado nas obras que levou a cabo. Em 1948 foi transferido para Castelo de Vide, vila onde prestou relevantes serviços apostólico – comunitários, dos quais devemos destacar: a construção e fundação do Externato de Nossa Senhora da Penha, do qual foi o primeiro director, a fundação do jornal “Notícias da Minha Terra”, inúmeras obras de assistência social, tais como a construção de casas para pobres (relevando-se o Bairro de São Paulo) ou a assistência a pessoas idosas, o forte empenho na preservação do património artístico e religioso de Castelo de Vide, a promoção e realização do Congresso Nacional do Sagrado Coração de Jesus e a criação do Centro Diocesano Pastoral em Castelo de Vide

Albano Vaz Pinto deixou igualmente vasta obra publicada, da qual podemos destacar, “Reparação e Amor”, 1944; “Meditações da Acção Católica” (tradução e adaptação), 1º Vol em 1948, 2º Vol em 1958 e “Sonhar para Viver”, e ainda colaboração em Reconquista, semanário de Castelo Branco, do qual foi fundador e primeiro director, na "Lúmen", e no "Distrito de Portalegre".

Este sacerdote pedagogo e jornalista, faleceu a 25 de Fevereiro de 1976, após alguns anos de doença e de um episódio infeliz, um ano antes da sua morte, paradoxalmente num momento em que Castelo de Vide vivia a Semana Santa, tendo a agitação popular falado mais alto que o respeito devido à Instituição e ao homem que a servia e representava.

Da obra realizada, releva-se a construção do Colégio hoje Escola Garcia d’Orta, instituição responsável pela formação e instrução de diversas gerações de homens e mulheres castelo-videnses e da região.

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Sei agora que o Padre Albano foi mais uma vítima da "bandalheira" do post 4/74.
O "povão é quem mais ordena..."
Para que conste!...

4 comentários:

Olímpio Matos disse...

Grato à memória do padre Albano , junto-me na indignação quanto à forma por que foi tratado nos tempos de balda que se seguiram ao
golpe de Estado de Abril de 74. É o Povo quem mais ordena, mas nas urnas, não o povo que uns quantos quiseram manobrar e usar em proveito próprio seguindo o figurino já visto e odiado a leste.
Deram-se mal, que as traições são
sempre punidas.
Voltando ao padre Albano:não haverá na Cidade e no Concelho quem
possa e saiba honrar os antepassados conterrâneos pesquizando e escrvendo as vidas dos que "por obras emergiram dos seus pares" ?
Abraço e continua. Que assim também se constroi a memória do nosso povo na Beira.
OMMatos

Anónimo disse...

O Sr. Cónego Albano deixou alguns livros em manuscrito. Por exemplo com a ajuda dos alunos do Colégio N. Sr.ª da Penha fez um levantamento sobre as festas religiosas em Castelo de Vide. Seria bom publicarem-se esses livros, nem que fosse em formato digital. Sobretudo o trabalho acerca das festas religiosas em Castelo de Vide seria interessante. Talvez o Sr. João de Castelo Branco pudesse ser um válido colaborador nesta sugestão, investigando se a família possui os trabalhos do Sr. Cónego Albano.
Obrigado
ERRE

Anónimo disse...

Ex.mo Senhor

Não sei muito sobre o Cón Albano, a não ser algumas coisas que oiço contar por vezes em Castelo de Vide, terra que frequento.
Fiqueia a saber um pouco mais lendo o que escreveu e que agradeço, pois permitiu-se obtaer mais alguma informação que desconhecia sobre tão ilustre figura que foi - isso sabia-o - mal-tratado pelo "povão", em regra muito "progressista" e "democrata".
Obrigado.

Manuel Isaac Correia

Gabriela Vaz Arez disse...

O cónego Albano era meu tio avô!
Deixou na família com quem conviveu, lembro bem a casa dele que frequentei em pequena, muitas mágoas....