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05 abril 2010

Uma visita a Monsarás...

...com boa música em S.Pedro do Corval.
em 04/04/1998
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(...) Já decidi ir ao Alentejo profundo, mas pelo sim pelo não telefonei à Rosa Capela para saber se havia lugar para mim na camioneta que a CMS pôs à disposição do Coral. Tive carta branca e às 14h 30m lá estava eu em frente do Liceu onde o autocarro nos aguardava.
Sentei-me num lugar a meio do autocarro. Junto da coxia. Um aluno que eu não conhecia foi o meu companheiro de viagem.
Na mesma fila, do outro lado da coxia, a Celeste Calejo dava a janela ao Fernando Fidalgo.
Passado algum tempo chegaram as “minina”. A Ana Paula vinha com a Olga e, logo atrás, a Luisa Neto com a Isabelinha Lopes. A Bela
, do Sase, vinha com elas.

A Bela e a Ana Paula

"Todas se dirigiram lá mais para trás onde tomaram lugar na ala esquerda daquela ruidosa “assembleia”... A Olga com a Ana Paula e a Luisa com a inseparável Isabel.
O autocarro rumou ao Alentejo profundo via Águas de Moura e Pegões… pela estrada antiga! Para pouparem uns miseráveis tostões não foram pela auto-estrada! E a viagem foi insuportável levando quase três horas para chegar a Monsaraz!
Tudo isto apesar dos esforços do Fernando Fidalgo, que é um “entertainer” de muito mérito...
Passámos por Reguengos de Monsaraz e nem parámos porque o atraso era grande.
Subimos a Monsaraz, quinze quilómetros mais além, e percorremos a pé as ruas da povoação. É uma terra muito bonita, talvez mais virada ao turismo do que Óbidos no que respeita a Restaurantes e locais para dormir, com ruas muito curiosas calcetadas com pedra xistenta, por vezes muito íngremes... mas gostei mais de Óbidos!
Saídos da Igreja, que acabávamos de visitar, já de novo na rua principal de Monsaraz, demos de caras com algumas caras conhecidas que não tinham vindo connosco.


A rua principal de Monsaraz

Era a gente nova a fazer a sua aparição. Era a Marina, era a Glorinha era a irmã da Glorinha, era a Amiga da Glorinha que uma noite, em Janeiro, apareceu para observar as estrelas numa sessão, amplamente fotografada, que realizámos no Liceu. O anfitrião Carlos Marques guiava aquelas Pleiades cheias de vida, feito um Hércules que não se sentia propriamente um Pai... E logo ali fizemos algumas fotografias para que a posteridade possa vir a ter a grata felicidade de testemunhar este encontro.

A Glória, o Carlos e a Marina

Durante a estadia em S.Pedro do Corval esta constelação teve fugazes períodos de visibilidade... O céu estava de facto bastante nublado neste Alentejo profundo que hoje visitámos...
Acabada a visita, viemos esperar que todos chegassem, junto da plataforma amuralhada onde o autocarro havia estacionado.
A vista para leste é magnífica. Na planura que dali se avista, as terras de Espanha estão ali mesma à mão de semear. Villanueva del Fresno que viu pela última vez o “general sem medo” está ali à nossa frente. E entre aquela memória e a fortaleza onde nos encontrávamos agora, um Guadiana envergonhado a prometer mais pujança dentro em breve, “avisando” as gentes daquelas terras que emigrem para outro lado, que saiam dali, pois se o não fizerem irão desaparecer submersas numa toalha de água que o Alqueiva ainda tornará possível, ali, e até doze léguas a montante...

Junto ao castelo, um grupo onde podemos identificar a Manuela (Serra) a Isabel Lopes, a Rosa Capela, a Fernanda Machado Pinto, a Eduarda Gonçalves, a Antonieta Gil, a Fernanda Canto, a Clara Lopes com a filha, o Gil e o Lima.

A Marina e a Maria da Glória

A Celeste Celejo e a Rosa Maria Capela
.O Ernesto Vitorino, agora mais visível à esquerda, e, no lado direito, o Carlos Marques, a Maria da Glória, o José Flórido, a Marina Silva e o Fernando Fidalgo.
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O José Flórido, a Luisa Neto e a Zulmira Ribeiro

A Isabel Lopes e a Olga
. A Isabel Lopes e a soprano Teresa Inácio
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A Ana Paula e o painel de pratos pintados

"Com a data da visita assinalada e com o nome da povoação em letras pretas pintadas, os proprietários não quiseram deixar de oferecer, a cada um de nós, um pequeno cinzeiro. Mesmo para quem não fumava... Foram simpáticos."

A Isabel, a Celeste e a Zulmira seguem com a
atenção devida o trabalho do oleiro.

A Eduarda Gonçalves, a Fernanda Vitorino e a Aline observam também com rigor a formação daquela peça. Mas não foi por isso que todas puseram os óculos…

"Pouco depois de iniciada esta visita, e enquanto a maioria dos coralistas envolvia o local em que os dois artesãos trabalhavam, o Carlos Marques, naquele seu jeito simples e tímido, mas orgulhoso nas suas palavras, aproximou-se de mim junto da “parietal” exposição dos pratos, para discretamente me segredar no meio de um sorriso que antevi cheio de ternura e admiração:
Aquele... lá no canto... é o meu Pai!“ Se um facto tivesse de ser escolhido para relembrar o dia 4 de Abril de 1998, para mim, esse facto seria o que acabei de contar...
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Fomos dali para a Igreja e o Sarau decorreu com a normalidade prevista...Umas fífias “imperceptíveis” umas entradas a destempo... uma coisa aqui outra acolá, tudo sem perderem pergaminhos!

O concerto na Igreja de S.Pedro do Corval
À direita, o pianista e antigo aluno, Miguel Matos e a Teresa Inácio.

Um pormenor muito positivo que diz alguma coisa sobre a alta qualidade do Grupo Coral da nossa Escola é o facto de todos terem acabado ao mesmo tempo... Ah!... Ah!... Ah!... Puxa! Já não se pode brincar!...

Os dois antigos alunos do Liceu, Miguel Matos e Teresa Inácio.

"O Miguel Matos fez a primeira parte do programa interpretando a solo, no órgão, cinco peças musicais de fundo monástico e acompanhou depois o Maestro Cantor João Paulo Reya em dois trechos, um dos quais era a Avé Maria de Bach/Gounod.
Quanto eu não teria dado para ter ouvido ali e naquele momento, esta mesma Avé Maria de Gounod, interpretada pelo trompete de oiro de Eddie Calvert num arranjo de Stott, feito em 1956... Com certeza, sem dúvida com toda a certeza, teria sido muito melhor... mas adiante!
Não podemos deixar de referir a voz maravilhosa da soprano Teresa Inácio que actuou como solista e que, sendo uma miúda de 17 ou 18 anos, tem uma figura muito bonita, mas não tanto como a voz..."

Um solo da soprano.
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Retribuindo os aplausos

"O maestro instalou a banqueta ali quase ao nosso lado e tapava a ala esquerda do Grupo. Tive de mudar de poiso e, por momentos instalei-me na primeira fila onde, mais próximo, pude trabalhar mais à vontade."
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O jantar/ceia decorreu bem.
Uma sopa de cação leve, com o caldo fumegante a entornar-se sobre umas lascas de pão vulgar, sem predicados, e com as postas do seláceo descascadas e cosidas no caldo, servido à parte, como é dos livros...
Depois um “ensopado” de borrego, que não fedia muito... e, para quem possuía umas papilas gustativas demasiado sensíveis e uma pituitária afinada... foi servido, em alternativa, um prato costeletas de porco com as respectivas batatas fritas preparadas em palito um pouco grosso...
O vinho, claro, da Região! Da Adega Cooperativa de Reguengos... Reguengos, tinto, DOC (Denominação de Origem Controlada) de 1997, com uma graduação de 12,5ºvol.
Umas águas minerais e uns refrigerantes para quem não é... bom português!
No final, antes do café, um docinho que, para mim foi de arroz... e que não estava mau apesar de não ter canela.
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A camioneta esperava-nos ao virar da esquina. Passava um pouco da uma da manhã quando acabou o repasto. Faltavam duas horas e meia para me deitar...
E foi por isso que, comentando com a Calejo a fobia do motorista pelas auto estradas , esta, cheia de genica, achou por bem dirigir-se ao “dono da viatura” para lhe sugerir que devia tomar a auto estrada quando chegasse a Montemor o Novo. No que foi bem sucedida!
Sempre podíamos chegar meia hora mais cedo a casa...

Arrancámos finalmente, deixando para trás o grupo da “gente nova”, que nunca mais vimos...
Dizem-me que chegaram cá já passava das seis da manhã... Benza-os Deus!... Bela Juventude esta!... A fazer-nos recordar, em outros tempos, jornadas de glória... (Glorinha! Juro que esta não foi de propósito!... Esta saiu por acaso... mas tem piada a coincidência... lá isso tem!)
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Pensava que podia agora recostar-me e descansar um pouco... cochilar quem sabe...
Qual quê! O Fernando Fidalgo “tomou conta do microfone” (que na realidade nem existia...), tomou conta daquele público ávido de folia e não se calou um minuto, quer fosse por iniciativa própria quer por ser “activado” por umas quantas “enzimas” que por lá se moviam e nem o deixavam descansar nos pequenos intervalos que o Fidalgo decidia fazer.
E o rapaz tem cá um repertório!... E o rapaz tem cá uma memória!... As letras e as músicas das mais desvairadas e longínquas origens estão “gravadas” até ao mais ínfimo pormenor, naquela enorme e alta “mona” que só tem paralelo nas alturas do castelo da sua terra...
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Houve um engano do motorista que justificou a sua aversão inicial às auto estradas... Eram três da manhã! Faltavam vinte minutos para chegarmos a Setúbal! Estávamos a abeirar-nos do nó de Pegões quando o condutor fez o pior... e o mais difícil! Em vez de seguir em frente... "enfiou" por uma lateral! Passados uns segundos demos conta que íamos direitos a... Alcácer do Sal!!! Sem hipótese de voltar para trás... E aqueles vinte minutos que faltavam para a caminha, ali tão próxima, transformaram-se em mais uma hora! Quando, depois das 4h da matina chegámos em frente do Liceu, o Flórido aguardava a caravana... cheio de angústia e apreensão!

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