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26 agosto 2009

“Uma Carta ao Director”

Excertos de uma "Carta ao Director", publicada hoje no "Público".
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Nada que um Professor não saiba... mas convem que outros leitores, menos preocupados, possam ter um maior conhecimento.
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"É com um sentimento irrefreável de náusea que os professores assistem ao despudor com que o ME anuncia, devidamente espaldado no aval do primeiro-ministro, o milagre da diminuição das faltas e das retenções escolares, nos ensinos básico e secundário.
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…os professores sabem perfeitamente como surgiu o “milagre” anunciado. Desde o início do seu consulado, este ME elegeu como sua prioridade a diminuição do “insucesso escolar”. E só existem duas maneiras de o fazer: ou melhorando o modo como se ensina e como se aprende, ou, então, através de uma combinação espertalhona da diminuição do grau de exigência na avaliação, acrescida da criação de obstáculos burocráticos despropositados que desencorajem os professores de classificar, com rigor, os seus alunos.
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O discurso hipócrita que atribui ao “trabalho acrescido dos professores” e ao sucesso dos diferentes “planos de recuperaçãopode fazer sorrir quem diariamente lida com estas coisas da educação.
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A verdade, que todos os professores conhecem perfeitamente, é que a única coisa que tem realmente mudado é a criação de obstáculos burocráticos e psicológicos a que a avaliação dos alunos traduza, de modo sério, o trabalho que produzem e os conhecimentos que adquirem.
Montou-se uma gigantesca farsa fraudulenta que, assente numa linguagem labiríntica e retorcida, ilude facilmente todos aqueles que se encontram fora do sistema.
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O que a Europa civilizada tem que nós não temos é um número alargado de famílias que ainda não engoliu o discurso laxista e permissivo da moda , e sabe que educar uma criança não passa por satisfazer todos os seus caprichos e arranjar bodes expiatórios para todos os seus erros. Passa, isso sim, por ensiná-los a distinguir entre o bem e o mal, a encorajá-los a fazer o que está certo e desencorajá-los de práticas e atitudes incorrectas e anti-sociais. O resto são balelas."
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José Aleixo Caldas
In, “Público”
26.08.2009

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