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04 junho 2009

António Salvado

Poema dedicado a Eugénio de Andrade


Retrato de Eugénio de Andrade
a carvão e pastel
por Martins Correia – em 1953
.

Eugénio de Andrade

Neste domínio obscuro me perdi
tão dominado em sombra e claridade
Que bom sorver os frutos e as raízes
eternos e perfeitos sem idade

Nasceram da terra e é como se uma pomba
do ar viesse: e rouba-lhe sementes
que vai lançar no mar em sol e som
e onde ligeiros barcos nas correntes
singram velozes tais as nuvens puras
que um terno vento azul impele empurra.

E lá no fundo audaz onde maior
o mar conduz o seu mistério alto
surge o amor: a contemplar a cor
que lhe define o seu domínio intacto.
.
in "Aproximações a Eugénio de Andrade"
Ed.ASA - Novembro de 2000

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