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12 fevereiro 2009

O "trabalho" dos "mecenas"...

"Centenas de sobreiros cortados no Vale da Rosa
antes de providência cautelar travar abate de árvores."
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O abate de sobreiros para dar lugar à construção da urbanização Nova Setúbal teve início de manhã, mas foi suspenso à tarde por ordem do Tribunal Administrativo.
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O Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa decretou, na tarde de ontem, a suspensão provisória do abate de 1331 sobreiros no Vale da Rosa, em Setúbal, dando seguimento à providência cautelar que havia sido interposta pela Quercus na segunda-feira e que pedia a suspensão daquele anunciado derrube.
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Apesar da decisão, o abate de árvores já havia sido iniciado durante a manhã, altura em que "foram abatidas entre 700 e 900 árvores", afirmou Domingos Patacho, daquela associação ambientalista, que esteve no local.
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Para o ambientalista, "a decisão não chegou a tempo e houve uma grande destruição do ecossistema e da exploração de cortiça".
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Por volta das 9h, uma dezena de homens munidos de moto-serras iniciava o abate de sobreiros devidamente autorizado pela Autoridade Florestal Nacional. Para a Quercus, "apesar da decisão, houve uma perda, que ao contrário do que é anunciado não pode ser reversível através do plano de reflorestação", mas "apenas troca árvores centenárias por árvores de dez centímetros" [que estão a ser plantadas em Vendas Novas],
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A Pluripar, empresa responsável pelo projecto da Nova Setúbal, afirma, porém, que se deu ontem início ao projecto de desenvolvimento da Zona Oriental de Setúbal "após observação de todas as garantias legais e regulamentares aplicáveis e seguindo todos os preceitos legais".
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O projecto, que na opinião da empresa "irá permitir que Setúbal adquira uma nova modernidade, dotando a cidade, o concelho e o distrito de equipamentos sociais, públicos, de habitação, capazes de responder aos desafios turísticos e económicos que a região irá enfrentar em breve". Apesar da utilidade pública do projecto, assim declarada pelo Governo - ao tempo dos factos, em 2001, pelos então ministros do Ambiente e da Agricultura, respectivamente José Sócrates e Capoulas Santos, para os ambientalistas esta é uma obra que "não tem fundamento, uma vez que não se trata de um investimento público, mas sim um loteamento privado, o que é abusivo", refere Domingos Patacho. A Câmara Municipal de Setúbal recusa-se a comentar o caso, afirmando apenas que "os preceitos legais foram respeitados, como não poderiam deixar de ser, para a aprovação do Plano de Pormenor do Vale da Rosa".
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"...estão previstos parques ambientais, jardins e parque urbano com áreas desportivas de 42 hectares, um complexo desportivo municipal de 20 hectares, equipamentos de ensino saúde e acção social de seis hectares e superfícies comerciais oito hectares".
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A associação ambientalista Quercus suscita uma outra questão, argumentando que o projecto "não tem sentido em termos de ordenamento do território e numa lógica de desenvolvimento sustentável um crescimento periférico tão elevado (de cerca de 30 por cento) da cidade de Setúbal, cujo centro histórico se encontra cada vez mais abandonado e inseguro".
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cfr.Ana Nunes
..jornalista
in."Público"
12.02.2009
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Pontos a ponderar...
1. O estádio do Bonfim foi uma "oferta" dos cidadãos de Setúbal ao VitóriaFC.
2. Por que tazão alguém "se sentiu mandatado" para pôr e dispôr de um património que, antes de ser do Vitória... já era de toda a nossa cidade?
3. Construido numa época em que a poluição era mínima, foi, ainda assim, escolhida aquela localização por se encontrar no prolongamento do espaço verde que é o Parque do Bonfim, aumentando-o consideravelmente. Já imaginaram, os meus amigos, aquele espaço preenchido por "arranha-céus". com fogos à venda por valores, agora incalculáveis, a entrar nos bolsos de quem merecia não andar por aí...
4. Quem são os "setubalenses" a quem foi "passada a procuração" que lhes permitiu vender o que não era deles? Eles que deviam ser os "mecenas"...
5. Quem é que pode "aceitar" a ideia de que em Setúbal (cidade) existe uma carência de habitações?
6. Porquê então construir uma "cidade" para 30/40 mil habitantes, a seis quilómetros de Setúbal, se existem centenas de casas por vender, na própria cidade e quase outras tantas desabitadas?
7. Um Estádio novo? A 7 quilómetros de distância do centro cívico da cidade?!... Se os sócios do Vitória já nem ao "Bonfim" vão ver o seu Clube de sempre, como imaginá-los a caminho do Alto da Guerra para ver um jogo com o Belenenses?!... Fazem de nós parvos!... Ou melhor, querem fazer...
8. Pasmo com a rapidez do trabalho "destes senhores"!... Em meia manhã de um dia de trabalho, deitaram abaixo, serrotando pela base, 700/900 sobreiros dos 1331 que havia em Vale da Rosa... O Francisco Ferreira costuma ser mais lesto...
9. Não me parece bem que a Câmara Municipal de Setúbal se tenha recusado comentar o caso... Quem não deve não teme! Ou não será assim?!...
10. Não sabia, ou já não me lembrava, quem eram as "figuras" que declararam a "utilidade pública" de um projecto levado a cabo por indivíduos que se limitaram a levar para a frente, a ideia de um "loteamento privado"... Agora, já nada me admira...
11. Uma última dúvida... Quem é que vai construir, na altura própria, os "parques ambientais", os "jardins e parques urbanos" com "áreas desportivas", o "complexo desportivo municipal", os "equipamentos de ensino, de saúde e de acção social" e as "superfícies comerciais", naquelas sete dezenas de hectares de que nos fala a peça de Ana Nunes?!...

Espero para ver... Oxalá que ainda por cá ande...
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"E quando subires ao Céu... o teu Pai te julgará!"...
(Não sei se está... mas esta é uma frase que bem podia estar escrita no Novo Testamento...)

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