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19 novembro 2008

Jeu de Paume - Paris

Le Déjeuner sur l’herbe
Édouard Manet
1832 – 1883


Le déjeuner sur l'herbe
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Recusado no Salon, "Le Déjeuner sur l’herbe" acaba, ainda em 1863, nos Refusés. Mais do que nunca, Manet é agora atacado por ter ousado pintar um nu feminino que não era uma alegoria, O moralismo hipócrita domina a cena parisiense: Manet aflige-se, mas nada faz para ganhar os favores da corrente. A firmeza da sua atitude é exemplar. Sente que, para além da temática, só a liberdade poderá gerar uma renovação concreta da linguagem. Os indícios desta renovação são já claramente manifestos no Déjeuner. É evidente que, para ele, o nu é, antes do mais, uma zona de cor clara, necessária no contexto da representação cromática.
O Déjeuner situa-se entre os antecedentes mais significativos da futura poética impressionista: note-se, por exemplo, a trama que a luz tece, sobre o fundo, com a sua vibração mutável entre as copas das árvores e o esfumar das águas, que por sua vez se tornam levemente densas pelo fluir luminoso; e note-se também a diferente modulação da perspectiva, que já anuncia uma óptica nova.
Observado sob outro ponto de vista, este quadro é igualmente importante como documento de uma época, subentendendo-se o ideal da vida no campo, a exigência da integração na natureza que, na segunda metade do século XIX, voltam a ser propostos como um retorno ao éden original, no mito do paraíso terrestre: reacção, talvez inconsciente a princípio, à civilização industrial, que violentou a cidade e a vai transformando em grande metrópole.

Cfr. Carlo Munari
In “Grandes Museus do Mundo”
Ed.Verbo – Setembro/1973

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