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14 março 2008

Passeio de estudo...

Era uma turma do 7ºAno bastante boa, a turma N, aquela que me calhou no regresso ao Liceu de Setúbal depois de uma breve passagem pelo Liceu do Barreiro. Estávamos em finais de 1975...

Não foram só as "facilidades" inerentes ao período revolucionário que justificaram as notas que estes alunos tiveram... Muitos deles eram de facto muito bons!
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Apenas cito os cinco melhores:
José Fernando Pinto Marques que dispensou do exame com 18 valores e
José Manuel Sequeira Cabeçadas, Maria Matilde Parente Vale e Silva,
Rui Manuel Ramusga, Luísa Maria Lourinho todos eles dispensados do exame com 17 valores.
Creio que quatro deles são médicos no Hospital de São Bernardo, em Setúbal. O Ramusga "deu em Professor"... e já exerceu, há bastante tempo, no Liceu de Setúbal, durante um ou dois anos. Há muito tempo que não o vejo.
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Antes do final do ano-lectivo de 1975/76, depois de estarem definidas as posições dos alunos, resolvemos fazer um passeio, mais de diversão do que de estudo, pela Serra da Arrábida, atravessando-a de norte para sul...a pé!!.. .
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Foi escolhido o dia 16 de Junho daquele ano. Uma 4ªfeira...
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A meio do percurso... um "Comerete" no Alto do Formozinho (501 m), o ponto mais alto da Serra Mãe.
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Um autocarro conduziu-nos de Setúbal até à Estrada do Picheleiro e largou-nos no Casal do Forreta, com a incumbência de, à tardinha, estar à nossa espera junto da praia da Figueirinha.
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O dia estava solarengo mas notava-se alguma humidade o que, pela manhã, nos aconselhava alguns cuidados.
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Em relação a esta turma eu estou em grande desvantagem. Ou melhor, a minha memória necessitará de uma boa ajuda...
Na verdade, com o "advento" da revolução dos cravos, os alunos deixaram de fornecer a sua fotografia para a caderneta do Professor... Sentiram talvez que era um "direito que lhes assistia"... um princípio de emancipação... O que é um facto é que a falta dessas fotos fez muito mal à memória que tenho estado a utilizar ultimanente!...
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Neste dia, como sempre, eu ia "armado" com a "artilharia" fotográfica. Não havia ainda a possibilidade da fotografia digital. Tavez por isso não tenha ficado com muitas fotografias deste evento. Apenas pude agora recuperar as 3 fotos que aqui deixo...
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Depois do primeiro embate em que a vertente norte foi levada de vencida, tendo passado pela altitude entre os 200 e os 240 metros, onde havia sempre uma luta com as carraças que eram endémicas naquela altitude, e se agarravam a tudo quanto lhes cheirasse a pele, os alunos chegaram cansados à estrada do alto da Serra, um pouco mais a poente da "Cabeça Gorda" e do "Arremula". E descansaram... no meio da estrada!


Apenas posso identificar a Teresa Leal, à esquerda, a Matilde Vale e Silva, de pé à direita, o Dr.António Maurício que nos acompanhou e está lá atrás à direita, de costas, falando com o Pinto Marques. Sentadas no chão identifico ainda a Célia Calado, a Filomena Azougado (?). É claro que com ajuda identificarei mais aguém neste grupo.
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Andámos depois umas centenas de metros à beira da estrado, caminhando para poente, até um determinado ponto onde iniciámos um "corta-mato" difícil, de terreno calcáreo, rochoso e fissurado que requeria bastante cuidado com a progressão. Pouco depois estávamos junto do marco geodésico que indica a altura máxima da Serra da Arrábida, no Formosinho.(501m)
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Foi aqui que demos satistação às paredes dos nossos estômagos que, já vinham coladas desde há algum tempo...

A Matilde, a Azougado, a Teresa Leal, a Célia Calado e o Pinto Marques estão perfeitamente reconhecíveis. À direita, parece-me estar a Margarida Leite Mendes

Esta fotografia parece corresponder ao fim de um "almoço" cheio de bons ares. Nota-se, à direita, a base do "picoto" do Formosinho. Ao fundo, de boné, o Dr.Maurício parece também entretido com qualquer petisco...

Depois desta fotografia ter sido tirada e após termos regalado os olhos com as vistas magníficas que dali se alcançam para norte, iniciámos a descida da vertente sul da Serra, até à praia do Portinho. Se bem me lembro, neste passeio, não houve a possibilidade de entrarmos no Conventinho para nos deliciarmos com ele e com a água fresquíssima que brota na fonte que os frades ali tinham construído.
Com terrenos calcáreos muito permeáveis, a Serra Mãe possui muito poucos pontos de água! Mas os frades arrábidos sabiam muito bem o que faziam... e onde faziam!
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Escusado será dizer que, quer na primeira etapa em subida, quer no desvio para o Formosinho, quer depois na descida até à praia foram ventilados muito pormenores da flora da Arrábida, da sua fauna e, principalmente das rochas calcáreas do Cretácico e do Jurássico portugueses... Arenitos, conglomerados, margas...
E plantas como Ulex densus e Cistus ladaníferus ou Quercus coccifera, Pistacea lentiscus e Juniperus phoenica ou Pinus pinea deveriam ter sido observadas por estes alunos... no decorrer deste passeio... E as palavras Jurássico inferior, Lias, Dogger, Cretácico inferior e Cretácico médio, Paleogénico, Mioceno e Plioceno deviam ter sido escutadas por entre momentos de recolhimento e da poesia que Sebatião da Gama por ali teria recitado...
Foi em 16 de Junho de 1976. Vai fazer 32 anos!... e parece que foi ontem...


1 comentário:

Conceicao Silva disse...

Ola,
Sou a Sao Lousada da Silva e estou nestas fotos ( sou a do bibe bordado)que encontrei por acaso quando andava a passear pela internet em Londres onde vivo ha 23 anos. Tive tantas saudades quando vi os meus antigos colegas a muito amigos como o Cabecadas, Ze Fernando e Ramusga entre outros. Gostava imenso de entrar em contacto com algum deles. Por favor entrem em contacto se lerem isto. O meu e-mail e maria.dasilva@ntlworld.com. Obrigada
Sao