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24 fevereiro 2008

O comunicado de um grupo económico faz apagar um texto…

Há pouco mais de uma semana, um amigo de há muito comunicou comigo, num autêntico desabafo, dando-me conta de um assunto que o tem vindo a preocupar.
Dizia-me ele:
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“Não é a primeira vez que isto me acontece. Cerca das nove da manhã quando abro o PC e vejo as primeiras páginas dos jornais, e isto já me sucedeu pelo menos umas três ou quatro vezes, alguns títulos de noticias são alterados algum tempo depois (sei lá, 2 ou 3 horas após).
Já consegui entrar em ligação com um jornal e de lá informaram-me que não era deles a notícia....Dá-me a sensação, é horrível dizer isto mas aí vai o que sinto, que os tipos terão sido obrigados a alterar o conteúdo da notícia.?.?.?.
Infelizmente não tenho ninguém ligado a jornais e como tal não conseguirei saber qual o periódico que trazia a noticia, mas ainda estou a visualizá-la " os projectos foram quase mais caros que os terrenos e ainda por cima não me passou recibos" Esta frase estava escrita numa base amarela e em letras pretas.
Bom, que o li, sem dúvida, que não me lembro de qual o periódico, sem dúvida, que foi antes do programa da Fátima Campos Ferreira na 2ª.Feira sem dúvida também!”
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No “Público” de hoje, um leitor perfeitamente identificado, dirige-se ao Provedor do Leitor sobre um assunto em tudo semelhante ao que me foi transmitido por aquele meu Amigo.
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Sob o título “O estranho caso de uma notícia desaparecida”, o provedor Joaquim Vieira dá-nos conta, no texto que apresenta, que o meu Amigo deve estar cheio de razão
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Em título:
"O estranho caso da notícia desaparecida"

24.02.2008
Joaquim Vieira
Provedor do Leitor

Joaquim Vieira

Em sub-título:
"O comunicado de um grupo económico faz apagar um texto no PÚBLICO.PT"
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O leitor Francisco Falé colocou ao provedor, já há mais de um mês, uma questão bem curiosa:"
Na tarde de sexta-feira 18 [de Janeiro], reparei numa notícia no PÚBLICO on-line acerca de umas expropriações de terrenos na zona onde será construído o novo aeroporto [de Alcochete]. Referia-se nomeadamente a família Espírito Santo com uma das expropriadas. Algum tempo depois, surgiu um comunicado do Grupo Espírito Santo (GES), curiosamente co-assinado por um ex-jornalista do PÚBLICO, dando conta de que o GES não estava envolvido, mas não negando que havia pessoas de apelido Espírito Santo no lote dos expropriáveis.Mais tarde, quando procurei a referida notícia, nada, pura e simplesmente desvanecera-se. Ainda pensei que houvesse desenvolvimentos e que se tivesse decidido transferi-la para a edição impressa - mas nada.Por conseguinte, fui assaltado pela dúvida: por que desapareceu a notícia? Era falsa? Se o era, o jornal deveria assumir o erro e corrigi-lo. Era verdadeira? Se o era, por que desapareceu? O GES exerceu ameaças e os responsáveis do PÚBLICO acataram-nas?Que sucedeu, afinal? Por mim, e por via das dúvidas, fico a acreditar que há algo que cheira a esturro nesta história. “
(…)
O provedor (…) de imediato solicitou esclarecimentos ao editor do PUBLICO.PT, António Granado. Apesar da colaboração que o jornalista foi prestando sobre a matéria (…) a resposta escrita apenas chegaria na semana finda, e por isso só agora se refere o assunto.
Explica Granado: "A notícia em causa foi erradamente "despublicada" por um jornalista, contrariando as nossas próprias regras sobre estes casos, na sequência do desmentido do GES.
Quando nos apercebemos do problema, a notícia foi novamente publicada e está desde então disponível em… (indicam o endereço electrónico).
Acontece que o provedor foi verificar o endereço electrónico indicado pelo editor do PUBLICO.PT e a notícia não estava lá - a página encontrava-se em branco. O que deu para pensar, tal como o leitor, que algo aqui não cheirava bem. Embora não acreditando em bruxas, o provedor possui aquela reserva que em matéria esotérica caracteriza os espanhóis: "Que las hay, las hay."
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Alertado de novo António Granado, que desconhece as causas da segunda desaparição da notícia, esta foi finalmente colocada, ontem, sábado, ao princípio da tarde.
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O GES é um poderoso e influente grupo económico português que já em tempos retaliou contra um semanário retirando-lhe toda a publicidade por discordância com o seu conteúdo editorial. Não querendo embarcar em teorias da conspiração, o provedor confessa que este episódio aflora inevitavelmente à mente perante o caso agora relatado."
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Este comentário, agora, é meu:
"Curiosamente, provavelmente por um fortuito acaso…, as 6 (seis) páginas inteiras de publicidade que aquela instituição bancária vinha ocupando de há uns tempos a esta parte, hoje não aparecem no Público!…"
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Parece que o mal da banca não se confina ao BCP.
Pois não, amigos?!..."

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