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23 dezembro 2007

O "Pinhal da Azambuja"...

“E sabem porque é que estas coisas acontecem? Porque há um poderosíssimo lóbi de consultadoria instalado à mama do Estado, há anos sem fio, que dita, influencia e condiciona as decisões dos executivos. Para 2008, o Governo orçamentou 370 milhões de euros ( ! ) para gastar com eles em “estudos, pareceres, projectos e consultadoria”. Eles, quem? Pois, isso é segredo de Estado. Há um ano que o semanário “Sol” tenta obter ao abrigo da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos, a lista dos beneficiários deste bodo. Em vão… É que, se viesse a público a lista das eminentes personalidades, dos ilustres técnicos e dos influentes escritórios de advogados e consultores que entre si fazem assessoria aos governos (…) uma grossa fatia da respeitabilidade pública desabaria por terra”.

Miguel de Sousa Tavares
In “Expresso
22.Dez.2007
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MST debruçava-se sobre a delapidação do erário público, ou seja, do nosso dinheiro, que é feita por quem nos governa e se sente completamente impune pelas decisões, muitas vezes irresponsáveis e perdulárias, que toma.
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Porque é que o semanário “Sol” não consegue a informação requerida?!...
Provavelmente porque oito em cada dez daquelas altas individualidades “respeitáveis”, que viriam a público com essa informação, serão tão respeitáveis como o foram, no seu tempo, o Zé do Telhado ou o Cirineu… Só que fazem dos seus “escritórios”, o “Pinhal da Azambuja” da actualidade…


Em 1846, Almeida Garrett escreveu uma "prosa" que vem mesmo a propósito relembrar. Dizia ele:
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"Este é que é o pinhal da Azambuja?
Não pode ser.
Esta, aquela antiga selva, temida quase religiosamente como um bosque druídico! E eu que, em pequeno, nunca ouvia contar história de Pedro de Malas-Artes, que logo, em imaginação, lhe não pusesse a cena aqui perto!...
(...)
E, contudo, aqui é que devia ser, aqui é que é, geográfica e topográficamente falando, o bem conhecido e confrontado sítio do pinhal da Azambuja...
Passaria por aqui algum Orfeu que, pelos mágicos poderes da sua lira, levasse atrás de si as árvores deste antigo e clássico Ménalo dos salteadores lusitanos?
Eu não sou muito difícil em admitir prodígios quando não sei explicar os fenómenos por outro modo. O pinhal de Leiria mudou-se."

É claro que Almeida Garrett não sabia para onde tinham mudado o pinhal.
...Actualmente, todos sabemos!!...

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