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28 novembro 2007

Francisco José Romão

Só no passado fim de semana tive conhecimento da morte do"primo Francisco Romão".
Alguém em Oleiros me confirmou o triste evento... que teria ocorrido há algum tempo, mas já no decorrer deste ano de 2007... Teria 95 anos.


Quero prestar-lhe uma pequena homenagem mostrando um pouco de si, segundo aquilo que pensavam os seus colegas do Curso Direito, naquele já tão longínquo ano lectivo de 1934/1935.


Francisco José Romão

O Livro de Curso dos Finalistas de Direito da Universidade de Coimbra, do qual retirei estas recordações, foi oferecido ao meu Pai pelo Primo Francisco, em Agosto de 1935... Teria eu sete ou oito meses...

Dois colegas e amigos fizeram-lhe os versos que acompanhavam a caricatura, naquele Livro de Finalistas e, desde miúdo, eu conhecia de cor aqueles dois últimos versos da primeira quadra... "Tem uma voz de trovão, uma voz monumental..." De facto tinha uma voz imponente!
Deixo aqui os versos dedicados ao "primo Francisco":

"Francisco José Romão
Que é de Oleiros natural,
Tem uma voz de trovão
Uma voz monumental.

Pois até uma vez na caça
Um javali, coitadinho!
Morreu de susto, aterrado,
Com a voz do Romãozinho.

E quando estuda em voz alta,
Há logo atrapalhação;
Porque julga toda a malta
Que está tocando o cabrão.

Às vezes com dez perdizes
Chega a casa triunfante,
Compradas a seis tostões,
A loja d’algum marchante.

E além de caçador,
É também este rapaz,
Um conspícuo professor,
Um mestre muito capaz.

Quem mais tira, é quem mais dá;
Assim ensina a somar.
Foi também como aprendeu
O Professor Salazar.

E dizem que até um dia,
Por causa do Estado Novo
Foi p’ràs caves d’Anadia
Fazer um discurso ao povo.

Foi uma arenga tão bela,
E comoveu tanto a gente,
Que mesmo dentro das caves
Foi promovido a tenente.

Senhoras minhas, cuidado!
Cuidado! C’o Zé Romão
P’ra enganar stá ali pegado
Que é no “bluff” campião.

Já perdeu o coração
No meio de tanto amar,
Com dois cúpidos na mão
Nem sabe com qual ficar.

És do “Trust” da amizade
Um sócio bem dedicado,
Isso sabe-o toda a gente.
E com sentida saudade
Dão-te um abraço apertado
O Feio mais o Valente."




A primeira página do Livro de Curso

Este Curso de Direito era formado por um grupo de alunos que deixaram um grande nome, num país... assim pequeno!

Ali fui encontrar os nomes de
António Osório Vaz que foi Governador Civil de Lisboa, já muito depois de se ter tornado famoso como cantor de fados em Coimbra;
José Guilherme de Melo e Castro que foi Governador Civil de Setúbal, Deputado da Nação e Provedor da Misericórdia de Lisboa;
Manuel dos Santos Victor que foi Delegado do Procurador Geral da República, em Setúbal e, mais tarde, presidente da Assembleia Geral da Torralta.: e
Ernesto Andrade, ilustre advogado em Setúbal e ligado à Administração da empresa “Aguas da Bela Vista”.

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