Páginas

11 janeiro 2007

Vitória, 2 - Tottenham, 1

Em 21 de Março de 1973, a vitória em casa, por 2 - 1, não bastou ao Vitória para seguir em frente...

No "Setubalense", saído em 23.03.1973, podia ler-se em título, a seguinte notícia:
“Taça UEFA
A mini-barreira deitou tudo a perder…
Vitória, 2 – Tottenham. 1"

Se bem me lembro, a vitória no 2ºjogo da eliminatória, aqui em casa, não foi suficiente para afastar os ingleses do caminho…
O Vitória acabava de ser eliminado pelo Tottenham!

Na tarde do dia 24, uns dias a seguir a este encontro, recebo uma carta do Dr. José Paulino Pereira que continha um cartão que me era endereçado e uns versos que o acompanhavam.
Uma "bela" garrafa de " The Famous Grouse" acompanhava a missiva!

Ao fim de tanto tempo vou dar “publicidade” a esta correspondência…
Já lá vão quase 34 anos!...



Era em duas folhas de "Receitas" que vinham escritos os versos que a "veia poética" do Dr.Paulino Pereira engendrara para o momento...

Creio que seguimos, à risca, o tratamento proposto pelo Ilustre Clínico Dr.José Paulino Pereira...
E para quem tenha dificuldade na leitura do original da "versalhada" aqui fica a "tradução"...
"No rescaldo do jogo

Há ruídos, vibração, entusiasmo!
A cidade vive momentos de euforia”
Marjorettes, palhaços, gigantones,
Tudo à mistura, de ondas de alegria!

O Estádio do Bonfim iluminado,
Projecta a sua luz no casario.
É noite grande. A malta do Vitória
Vai exibir-se com extraordinário brio!

O onze inglês já entra no relvado,
Tv, fotógrafos, os homens dos jornais.
Tudo a postos. Milhares de espectadores,
Incitando o Vitória, não podem gritar mais.

Começa o jogo. Nos camarotes a deitar por fora,
É o mesmo delírio, não há um lugar vago.
…Perdão! tem de haver dois, pois que um “pendura”,
à última da hora em vez de largar “bago”,
Se vem aproveitar do amigo que o atura!

E no rectângulo, o jogo continua:
Os jogadores locais, num rompante de glória
Acabam de meter um belo golo. E a multidão
Frenética, em delírio, aplaude o seu Vitória!

Sofre-se mais; e à vista do triunfo,
Quando tudo dá largas à alegria,
A marcação de um livre dos ingleses,
Foi para todos nós, um balde de água fria!

Nos camarotes gesticula-se e sofre-se!
E o tal “pendura”, com olho clínico, vai notando
O grande sofrimento em cada companheiro.
E o que há-de receitar, vai desde já pensando.

E lá em baixo o drama consumou-se
O árbitro austríaco dá o jogo terminado.
Ai, a alegria de há pouco e a tristeza de agora
É assim a vida; é este o nosso fado!

Mas… voltando à receita: p’ra tais choques,
P’ra tantas emoções, para tal dor,
Por mais volta que dê não consigo encontrar
Melhor medicação do que o Whisky vaso-dilatador.

E ao dono do camarote, em que me “pendurei”
Aqui lhe deixo em troca um frasco de elixir
Que lhe fará esquecer estas desilusões,
E pensar na final do ano que há-de vir
."

Sem comentários: