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17 dezembro 2006

A morte de Luciano Santos

Faleceu em Lisboa, no passado dia 12 de Dezembro,
o pintor Setubalense Luciano Santos
cujo nome está indelevelmente ligado à nossa Cidade.
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Luciano Santos - Auto retrato - Óleo - 1959
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O Tríptico de Luciano que preenche o topo sul do Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal é uma das suas obras de maior realce e dá àquela Sala uma Majestade sem confronto.
. O Tríptico dos Setubalenses Ilustres no Salão Nobre da CMS
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Luciano Pereira dos Santos nasceu em Setúbal, a 25 de Março de 1911.
Tinha agora 95 anos.
Num texto escrito há mais de 50 anos, António Ferro, Director do Secretariado Nacional de Informação (SNI) pode ler-se sobre o pintor setubalense:
Há pintores que são modernos (moderno, para mim, significa a verdade que parece mentira…) por simples temperamento; alguns por fria razão intelectual; outros por moda ou snobismo; outros ainda por deficiência de recursos técnicos que não conseguem mascarar com o seu falso vanguardismo; certos, finalmente (às vezes nem sabem nem querem saber que são modernos), por motivos de ordem poética, porque os seres e as coisas, para eles, têm sempre um halo que as transfigura…Luciano pertence, a meu ver, a esta última categoria de pintores.”
Segundo umas Notas Biográficas e Críticas escritas em 1960, por Óscar Paxeco, “a vocação que desde muito novo evidenciou para as Artes Plásticas levou a Câmara Municipal da sua terra natal a enviá-lo., como seu bolseiro, para a Escola de Belas Artes de Lisboa, a fim de fazer o curso de Pintura.
Como aluno daquela Escola foi-lhe concedida a “Pensão Ventura Terra” e conquistou depois o “Prémio José Malhoa”. O trabalho com que alcançou este “prémio” encontra-se na Sociedade Nacional de Belas Artes.
Ainda estudante, viu adquirido um dos seus trabalhos para o Museu da Cidade.


Em 1940, recebeu em sessão pública e solene, das mãos do Chefe do Estado, Marechal Carmona, o “Prémio Nacional” da 3ªMissão Estética de Férias, atribuído pelo Ministério da Educação Nacional.

Exerceu o Ensino Técnico Profissional nas Escolas Industriais de João Vaz de Setúbal, Machado de Castro e Afonso Domingues de Lisboa..

Sobre Luciano, escreveu o Dr. Celestino Gomes:”A obra do pintor Luciano não precisa de explicação porque se explica a si própria: existe, colocada certa no tempo e no espaço.
Em finais da década de 50, dizia de Luciano o “brilhante crítico de arte Dr. Fernando de Pamplona”:“Na figura, abalança-se ao retrato – e fá-lo com vigor e simplicidade que surpreendem. Não procura a elegância, sequer a graça, mas tão somente a nitidez e a fria análise. Obtém, por vezes, efeitos impressionantes, apesar da intencional dureza do modelado e dos contrastes.
(…) “Luciano soube descobrir e captar o carácter racial das mulheres da Nazaré, corajosas, rijas, afeitas às durezas da vida, às suas feras batalhas. Estão neste caso “Nazarena ”
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Nazarena - Óleo - 1946
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Entre os mais recentes trabalhos de Luciano, figuram o “Painel do Baptistério” da Basílica da Estrela em Lisboa, os frescos da Escola Industrial de Setúbal, a decoração da Igreja Nova do Barrio (Alcobaça), o baixo-relevo policromado , em cerâmica para o Hotel Cibra do Estoril. São também da sua autoria os três vitrais enviados há pouco com destino a uma nova igreja de Macau.
De toda a obra de Luciano é de salientar o seu recente “Tríptico dos Setubalenses Ilustres”, solenemente inaugurado por Sua Excelência o Ministro da Educação Nacional, no Salão Nobre do Município de Setúbal” (Óscar Paxeco dixit) .
Uma Sessão solene, em 08.06.1971
O Ministro Veiga Simão com o Tríptico em fundo.
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Não conseguimos apurar em que dia foi feita
a inauguração do Tríptico,
no Salão Nobre da Câmara Muncipal de Setúbal,
mas um apontamento no jornal "Setubalense"
de 22 de Dezembro de 1952,
sobre Luciano dos Santos, diz sobre ele que:
“...tem agora integrada a sua alma de fina sensibilidade
e todo o talento da sua aprimorada vocação,
num tríptico que emoldurará uma das paredes
do Salão Nobre da Câmara Municipal.
Já terá iniciado a pintura, no seu estúdio de Alcobaça.”
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Avenida dos Aliados - Óleo - 1944
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Praça de Bocage - Óleo - 1952

1 comentário:

maria elisa disse...

Optima informação. Obrigado