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05 novembro 2006

Sindicalistas...



Helena Matos no “Público” em 04.11.2006
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Os sindicatos, seus dirigentes e também grande parte da função pública vivem, neste início do século XXI, o drama que afectou os aristocratas nos séculos XVIII e XIX, drama esse que Hannah Arendt, recuperando algumas das conclusões de Tocqueville, descreve em As Origens do Totalitarismo:
"Enquanto os nobres dispunham de vastos poderes, eram não apenas tolerados mas respeitados. Ao perderem os seus privilégios, e entre eles o privilégio de explorar e oprimir, o povo descobriu que eles eram parasitas sem qualquer função real na condução do país.
Por outras palavras, nem a opressão nem a exploração em si constituem a causa principal do ressentimento; mas a riqueza sem função palpável é muito intolerável, porque ninguém pode compreender - e consequentemente aceitar - por que deverá ser tolerada.
"Os sindicatos estão a perder poder e, nesse plano de queda, não só se questiona cada vez mais a sua utilidade como se assiste a uma enfatização indignada naquilo que agora se define como vergonhoso privilégio mas que até há pouco era apresentado como um direito inquestionável desses mesmos sindicatos. Por exemplo, quantos anos foram necessários para que se falasse do número de funcionários públicos destacados em funções sindicais?

Hannah Arendt 1906-1975

Arendt nasceu em Hannover (Alemanha) numa família judaica. Estudou na Universidade de Koniberg, Malburg, Freiburg e Heidelberg. Foi influenciada por Husserl, Heidegger e Karl Yaspers. Em consequência das perseguições nazis, em 1941, parte para os EUA, onde virá escrever grande parte das suas obras. Lecciona nas principais universidades deste país (Columbia, Califórnia, Cornell, Princeton, Wesleyan, etc).
A sua filosofia assenta numa crítica à sociedade de massas e à sua tendência para atomizar os indivíduos. Preconiza um regresso à uma concepção política separada da esfera económica, tendo como modelo de inspiração a antiga cidade grega

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